ROMA, 27 de out de 2005 às 14:27
Em uma entrevista publicada hoje pelo jornal italiano La Reppublica, o Cardeal Alfonso López Trujillo, Presidente do Pontifício Conselho para a Família, considerou que o tema de não dar a Comunhão para os divorciados que vivem nova união já está encerrado."O caso está encerrado. Não há nenhuma dúvida. Os assim chamados divorciados que voltaram a casar não podem receber a Comunhão. Não tem sentido alimentar esperanças de uma mudança de posição", indicou.
O Cardeal colombiano declarou que estes casos representam "situações dolorosas e dramáticas, e são uma ferida que fazemos também nossa. Mas tudo vem considerado com prudência pastoral e claridade de doutrina".
Segundo o Cardeal López Trujillo, os divorciados em nova união não têm "um verdadeiro matrimônio" e "atravessam uma situação objetiva que está contra a vontade de Deus e não lhes permite aproximar-se da Comunhão. Por isso não me parece aceitável falar deste tema como se fosse uma questão aberta, como se deixassem portas abertas para o futuro, criando expectativas em uma possível mudança".
Do mesmo modo, reiterou que "o ponto de vista doutrinal é claro. Basta a palavra de Deus sobre a indissolubilidade do matrimônio. Basta ler o capítulo 19 do Evangelho do Mateus. Basta ler o catecismo da Igreja católica. Cito à letra: ‘A Igreja não tem o poder de ir contra a sabedoria divina’. Há uma interpretação viva das palavras do Senhor que a Igreja não desmentiu jamais. O Papa Wojtyla em sua exortação pós-sinodal Familiaris Consortio convida a uma atitude pastoral para estas situações, reconhecendo ao mesmo tempo que estão em objetivo contraste com o mandamento de Deus".
Desta maneira, o Cardeal López Trujillo encerrou a polêmica desatada pela cobertura das declarações do Presidente do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos, Cardeal Walter Kasper, que opinou na segunda-feira que "deveria-se dialogar sobre estes casos".
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"O Cardeal Kasper é uma pessoa importante, um teólogo. Penso que tenha querido falar do assunto pastoral da matéria e não se entendeu bem o que ele expressou", indicou.
Segundo o Cardeal, o Papa Bento XVI quando se desempenhava como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, dirigiu uma carta ao Cardeal Kasper e outros dois bispos alemães em que assinalou que "nenhuma modificação desta doutrina é possível".
"O documento foi assinado pelo Cardeal Ratzinger e aprovado por João Paulo II. Não convém pôr em contradição o Papa atual com o Cardeal Ratzinger. Nenhuma modificação desta doutrina é possível. Em nenhum momento a Congregação para a Doutrina da Fé deixa uma porta aberta. Não é uma questão disputada nem disputável", esclareceu.
Por este motivo, o Cardeal López Trujillo não acredita que o Papa Bento XVI dê uma volta à proibição da comunhão dos divorciados em nova união em sua esperada exortação pós-sinodal. "O Papa declarou com grande claridade que não há possibilidade para eles de aproximar-se da Eucaristia. Disse que devem ser acompanhados com misericórdia, isso sim".
Além disso, explicou que o recente Sínodo dos Bispos sobre a Eucaristia, "nas propostas passadas, não deixou nenhuma dúvida sobre a doutrina da Igreja. Não é uma questão aberta. Quando o Senhor manda, bispos e fiéis devem obedecer. Não se deve esperar que Bento XVI esteja contra o Papa Wojtyla ou contra a doutrina pacificamente aceita pela Igreja, conhecida por todos nós".
O Cardeal López Trujillo reiterou que os divorciados em nova união "poderão receber a Comunhão se prometerem viver como irmão e irmã, sem relações sexuais".